quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Ancorado

Eu sei bem
que o tipo que eu sou
é melhor do que restou de você
Eu não sei
muito bem pra onde vou
mas eu sei que eu só vou sem você
Eu não sei
quem te pediu pra falar
mas eu sei onde isso vai acabar
você vai 
encontrar uma razão pra pisar
meu coração machucar

Diferente do que possa parecer
gosto muito de você
mas não dá
Deus me deu uma vida pra viver
e ancorado em você 
não vai dar
Eu sei bem 
muitos querem você
porque só você sabe moldar
Um alguém 
que só sabe obedecer
e aceita se deixar hulmilhar

Se você é tão boa assim
Então porque precisa me sufocar ?
Se o que fiz sempre foi bom pra mim
por que agora eu preciso mudar ?
Se é certo tudo isso que diz
então porque não se põe a praticar ?
Saiba que eu posso cuidar do meu nariz.
Não espere a hora certa
aproveite a porta aberta.

sábado, 23 de novembro de 2013

Pardais

Voamos baixo e com frequência
assim correm os dias
assim vão meus irmãos
também os filhos de minhas tias

Por vezes voamos em vão
vamos perdidos por milhas
intorpecidos pelo vento
saudoso de nossas filhas

Sob as asas uma dor quieta
inquieto silêncio mudo
adentramos com cautela
pela janela um vasto mundo

Raramente só, mas solitário
almejo a aranha com todos os poros
devoro-a, ouço um ruído
busco a saída, evaporo

De migalha em migalha encho a pança
passo o dia todo nessa dança
a noite pro morcego é bem vinda
durmo cedo, acordo mais cedo ainda.
pardal . . .

Escombros

Perceba que são só escombros
posso ir bem mais longe sem você nos meus ombros
Te conheci, me apaixonei de morrer
não imaginei que iria se esconder

Segui seus passos como a joão e maria
e isso virou viral, virou mania
testa meu viver, até o penultimo suspiro
desculpe, dentro d'água não respiro

Meu caminho não é assim tão errado
pode ser chover no molhado
mas o que digo é meu
na sua falta de fé nosso amor pereceu

Queria muito poder seguir
continuar, tentar construir
mas posso ir mais longe sem você nos meus ombros
perceba, só restaram escombros, escombros.

sábado, 31 de agosto de 2013

Ogiva Blues

Ela tira minha razão
meu coração é uma ogiva
e cada trago na cachaça
desce a guela igual saliva
Não sou amigo do Obama
mas faço amor bem feito
o que me move é essa ogiva
batendo dentro do meu peito

Pedalo esse corpo estranho
que foi Deus que me deu
mas o diabo é ardiloso
e segue cada passo meu
mas eu não ligo não
porque só quero a pepeca dela
o tinhoso que se dane
pois tudo o que eu quero tá nela

Eu não sou maluco não
já que a minha explosão é de prazer
eu naõ sou maluco não
e o estouro que eu dou é pra me satisfazer
e quem quer guerrear, meu irmão
vá se fuder !!!!!!!!!!!

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Que Rei sou Eu ?

Vento nas narinas
cortam a face a delatar
ela não vai mais voltar
ó, vida passarinha
Mas que rei sou eu ?
Que não honro minha rainha
em meu reino ela caminha
e eu nem a vejo passar
Tanto fiz pra ter
construí um castelo de sangue pra você
e hoje com a alma em ruína
descobri que me esqueci de amar

Mas o que é viver ?
além de amar 
e outro ser conceber

Mas o que é prazer ?
é bem mais que deitar
é ver um ser florescer

Não há razão que te tire daqui,
pois sentimento não se vai quando quer
Coração é homem, mas a pulsação é mulher . . . 

Lábios

Movimentos suaves, quase subliminares
perceptíveis, não percebíveis
e minha razão vai pelos ares
fogem dos meus lábios palavras cabíveis 

Preso no tempo em que esperava
Ela passava rente e eu não via
Ambos se acompanhavam sós
sem um saber do que o outro sofria

Da janela, olhava as estrelas 
e ela na Terra sempre sorria
Ela tinha uma dor que eu sentia
e, no meu peito, um orgão dormia

Meu refúgio foi a estrada de ferro
O dormente foi meu travesseiro
A linha me fez companhia
com o uísque, fiel companheiro

A linha chia pra me alertar
é o fim que, por vezes, almejo
Pois é melhor ser livre no inferno
do que escravo do próprio desejo


quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Otimiza Blues

Sinal fechado
presente vem passando rente
vem incoerente, tecer

já no meu caso
não fico mais tão descontente
pois o dia vai anoitecer

Na madrugada acontece
é chumbo quente, sofro lentamente
pode acontecer dela não chegar

mas tem coisa que só a alma entende
e o corpo, só não compreende
se não quiser deixar rolar

Pois essa mulher me otimiza
nem percebo quando ta pra reclamar
nem me dói quando ela me pisa
e a TPM avisa que é preciso relaxar . . .

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Seus Rastros Meus

Que rastros são esses que me seguem,
se o meu passo só seguem os seus ?
Se são espíritos, o que me pedem ?
Por que caminham somente no breu ?

Se ando sozinho, meus pés seguem sós
Meu coração degustando o relento
Agora percebo que só seguem vós
o sabor do punhal me vem pelo vento

Rompo a noite!
No silêncio: Respostas
os passos que sigo, hoje, são meus
os que me seguiam, que tinham sumidos
seguiam escondidos na frente dos seus.

Agora só terra nos pés, só sangue nas mãos
sinto pelo vão dos meus dedos escorrer
se é eterno o revés de nossa paixão ?
Na escuridão, minha alma, eu vou me esconder



Sangue Rupestre

Sinto uma dor ancestral
por quem veio na nau rupestre
com o mínimo de condição vital
sem quase nada que uma alma carece

E hoje não é diferente
mudaram veículos, mas não a condução 
me parece até muito mais incoerente
pois hoje padecem da pior escravidão

Furtam direitos, controlam seu pés
Como antigamente também o fizeram
mas os escravos de hoje são mais conscientes
comumente é que muitos se desesperam

Não sei o que é laico, nem ônibus uso
Como a antiga nau, tenho o sangue rupestre
e ainda tentam tirar o restinho que tenho
ser coerente, vivente ou simplemente pedestre . . . 

Mas acuado no canto mais força ganho
e num momento feroz vou ter que explodir
Soco, bicudo, mordo e arranho
com fome e sem banho, uma fera a zunir

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Margem Nascente

Eles querem que abandone sua nascente,
pois as deles beiram o agonizar
E o seu corguinho vira rio e segue em frente,
trilhando o próprio caminho
quase sempre sozinho . . . 

 . . . e quase sempre aparecem afluentes
ou dele mesmo necessita separar.
Mas o destino continua sempre em frente
de resultado não tem como se livrar.

E vai pro mar
bebendo água da chuva
já se passaram tantas eras
e outras tantas ainda vão se passar

Fiquei a par
e me caiu como uma luva
sendo tudo isso um mesmo organismo
Não sobrevive o que não se adaptar

A água não vai acabar
antes acaba com a gente
que não soubemos usar
quando partiu da nascente 


Jamais vai acabar
pois acaba contigo
que não soube usar
olhando o próprio umbigo

sábado, 10 de agosto de 2013

Parábolas

Sozinho flutuo à beça
com todos lados escuros 
giro em sua órbita
hora concava, hora convexa

As parábolas do seu calcanhar
me botam em constante rotação
Por vezes minha mente fica tonta
e tenho que me agarrar a razão

Chega a me faltar ar
quase infarta meu coração
triste sentimento sem lar
vivendo em eterna translação

Vento boreste é de chuva
que já cai no hemisfério da face
hora dessas um meteoro me tromba
e me arranca de vez desse impasse

mas, sozinho, flutuo à beça
meu lado escuro protesta
pois, se tenho um lado claro
ele nunca coincide com testa.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Corpo Oco

Discordar não é desgostar
não concorda com tudo que eu enjoo 
discorda que vou te amar
vou te chamar pro meu voo

Limpe os pés antes de sair
minha sujeira pode contaminar seus ambientes
parta quando quiser partir
Hoje não vou, tenho meu pés dormentes

não me lamba que não sou gato
só faça o que deseja, o que quiser
seja você mesmo, você mesma se for mulher
coma sempre até o fim, até o prato

Discordar não desgosta, afirma
evita aquelas "conversa de louco"
como o Co² nas veias, O² nas artérias
Discordar mostra que seu corpo não é oco


domingo, 4 de agosto de 2013

Dormente

Ferrovia vital, apito infernal
em meu corpo dormente a linha chia 
de mãos dadas, não sei se corro, se morro
já que é a luz no fim do túnel que me guia
Alegria já não é rara
hoje em dia quase sempre tem
Na calada da noite ela grita meu nome
mas eles dizem que é o apito do trem

Só um perfume é como o da tinta
que eu cuspo, voraz, no papel
penetra uma, outra narina
descendo a guela com gosto de mel
me furta o juízo esse cheiro/sabor
pois o sinto em ruas desertas
terrenos baldios, casas fechadas
em cada dor estancada de feridas abertas

é minha costela, eu sei
pois sem ela nada caminha
meu peito vazio e a mente
vão como caneta sem linha
é minha costela, eu sei
pois me dói quando fica doente
não sou nada do que deveria
Sou aquele trem sem dormente

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Boulevard Blues

Ontem . . .  ontem . . .
sem meu estomago forrar
forrei vaidade alheia
mas não quis me deitar
pois ainda vale a pena
acreditar em mim
e não vai ser alma pequena
que vai decretar meu fim

Ontem . . . ontem . . . 
depois que o trem passou
senti saudade sua
pois nunca me deixou
não me deixou na mão
nem subir num pedestal
são os outros que me dizem
se sou ou não o tal

Ontem . . . ontem . . .
vi meu hoje florescer
pude ver minha dor partir
antes do amanhecer
dei-me de presente
mais um trago na bebida
e segui minhas travessas
cruzando suas avenidas

Ontem . . . ontem . . .
confirmei o meu amar
pois ela é mar e eu nasci peixe
ela é centro e eu boulevard . . . 

terça-feira, 30 de julho de 2013

Nevoeiro

Estou tentando ser sincero
melhor me esquecer
é o que tenho por agora
eu preciso dar o fora

Já de ti nada espero
é o que dá pra ser
já deu a minha hora
estou indo embora

Na rua em que eu te conheci
meu coração foi pro bueiro
e o desespero ...
foi ver que logo ali
tudo virou nevoeiro

Você foi pior que crack
estou craque no que se foi
agora não dou "boi'
não quer morrer, não me mate !

Vou sem você !

Vou sem você
Sei, é capaz
vivendo assim, sem mim
todo dia volto pro começo
passos erram o diante
sempre mais distante
não me reconheço . . .
olhos sempre pra baixo
meu esculacho, sua diversão
Quando menos notar, me refaço
Seus braços não controlam minhas mãos . . . vou sem você !