domingo, 5 de janeiro de 2014

Orbitas

Tudo que o universo lapida
se não racha, fica perfeito
todo astro tem sua avenida
todo rio segue em seu leito
no platô descansa o plácido
na savana esgueira o rasteiro
Nem uma unha se quebra
nem uma cana se inverga
Do Batman ao robin
Da praça ao shopping
Da umbigada ao popping

Menos nós, por fim.
optamos por travessas
pra nos olharmos por arestas
e, no último segundo recuamos
seguimos trocando peças
é mais fácil trombar o Bob Marley
é mais fácil passar o cometa Harley
do que esse lance virar avessas
ao me julgar, vide-se !
de eclipse em eclipse
nasce uma estrela morta
ou quase sem futuro
embolada em ansiolíticos
bárbaros barbituricos
dois pontos numa mesma orbita.

Meridianos

Estou a ponto de expelir essa coisa
e outra coisa, e mais outra.
é preciso coragem pra meter a bota
saber que certa felicidade esgota.
Nau não se comanda sozinha
nem capitão eu sou, nem da marinha
no máximo acrobata, circense
especulador, metido a forense.

As vezes saio de mim, parto
as vezes me parto no meio
as vezes me encontro perdido
no meio de um show do meneio
e agora esse cheiro de chuva e perfume
que vem e invade minha narina
não vejo a hora de sentir nos vãos do dedos
a areia, o litoral de Santa catarina

Não sei guardar essas coisas
os sabores das palavras me são latentes
Mas, posto que somos terretres
jamais nos mesmos continentes
E se fossemos seres do mar ?
não seguiríamos as mesmas correntes
Corremos pro mesmo lado, mesma velocidade
mas em meridianos diferentes.

sábado, 4 de janeiro de 2014

Trópicos

De tão próximo, é inatingível.
O tato sente, mas a mão não alcança
Meus pés me levam até lá, nunca chega.
Muito perto de chegar, cansa.
Vou desistir. O elixir virou ópio
Não há arco-íris, nem pote de ouro.
não importa o lado do trópico.
Se tudo aquilo não era nada,
porque meu sangue ainda ferve ?
Mas quando o nada realmente é nada.
Tudo vira tudo e qualquer coisa serve.